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Brasil é o 2º maior gerador de e-lixo das Américas

Matéria da Folha de São Paulo – 22/12/2017 Por Mara Gama

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foto fl são paulo
"Só 20% dos resíduos eletrônicos produzidos no mundo foram reciclados" - Foto: Manan Vatsyayana/AFP

Nove pirâmides de Gizé ou 4,5 mil torres Eiffel. Em 2016, o peso equivalente a esses combos de monumentos, 44,7 milhões de toneladas, foi gerado de lixo eletrônico no mundo, um aumento de 8% em relação a 2014.

Até 2021, a produção dessa sofisticada sucata deve superar as 50 milhões de toneladas ao ano, um aumento de cerca de 17%. Estima-se que o desperdício potencial desses materiais seja equivalente a US$ 55 bilhões.

TVs, celulares, aparelhos de som, vídeo e outros eletrônicos com placas possuem componentes valiosos como ouro, prata, cobre, platina, paládio. 

Mas a reciclagem é complexa e não é difundida globalmente. Só 20% dos resíduos eletrônicos produzidos no mundo foram reciclados. A maior parte do que é descartado vai parar em lixões a céu aberto, contaminando solo, ar e água.

Os dados fazem parte de um relatório internacional lançado no último dia 14 de dezembro , o Global E-waste Monitor 2017. Foi elaborado nos últimos 12 meses por três entidades: Universidade das Nações Unidas (UNU), União Internacional das Telecomunicações (UIT) e ISWA - International Solid Waste Association (Associação Internacional de Resíduos Sólidos).

 No continente americano, a produção de e-lixo é de 11,6 kg por habitante por ano, com uma coleta de apenas 17%, comparável à taxa de coleta na Ásia (15%). Porém, naquele continente, a geração é de 4,2 kg de lixo eletrônico por habitante/ano.

O Brasil é o segundo país que mais gera lixo eletrônico nas Américas, com 1,5 milhão de toneladas por ano. Em primeiro lugar estão os EUA, com 6,3 milhões de toneladas/ano, e em terceiro está o México, com 1 milhão de toneladas por ano.

Os maiores geradores de resíduo eletrônico per capita são Austrália e Nova Zelândia, que geram 17,3 kg por habitante/ano. Europa, com a Rússia, aparece em segundo, com média de 16,6 kg por habitante, mas têm a melhor taxa de coleta: 35%.

Segundo Carlos Silva Filho, vice-presidente da Iswa e diretor presidente da Abrelpe (Associação das Empresas de Limpeza Urbana), não existem dados de reciclagem de e-lixo específicos do Brasil, mas, aqui como em quase todo o mundo, o "furo no sistema" está na "inexistência de estrutura e incentivos para a devolução dos equipamentos usados".

 "Hoje é mais barato descartar no lixo comum ou deixar no fundo da gaveta do que devolver o equipamento eletrônico usado para recuperação dos recursos", diz.

Mas, justo em época de grande expectativa de consumo, há chance de reverter a tendência. "O consumidor deve buscar marcas que disponibilizem serviço de recuperação dos eletroeletrônicos" ou "localizar as iniciativas em sua cidade", pois, aponta o estudo, "esses resíduos têm grande potencial para reciclagem e recuperação de recursos". Por outro lado, completa "são altamente poluentes se descartados em local inadequado".

 "Tudo gira em torno da consciência do consumidor. Primeiro precisamos conter o consumo desenfreado. Segundo, pensar em um descarte mais nobre para aquilo que não usamos mais, seja doando – ainda há muita necessidade de produtos usados no Brasil –ou procurar um sistema de coleta e reciclagem efetivo."

 RECICLAGEM DE TV

Criado por determinação da Anatel para dar apoio à expansão e padronização do sinal digital de TV, o programa Seja Digital (EAD - Entidade Administradora da Digitalização de Canais TV e RTV) mapeia recicladores de TVs em seu site.

Por meio do CEP, é possível ter informações sobre descarte adequado e encontrar um ponto de coleta próximo.

O programa tem distribuído kits de conversores para cadastrados em programas do governo e fez mutirões de coleta de TVs não compatíveis com o sinal digital. 

 Fonte: Folha de São Paulo

SUSTENTARE - Programa de Destinação e Descarte de Eletroeletrônicos